terça-feira, 26 de abril de 2011

O Conto do Desencontro

Era um conto de desencontro. De acaso que virou descaso. Típica história de pessoas que se cruzam, mas não se entrelaçam. Romance inventado, amor iludido. Ele não tinha a cabeça no lugar, ela tinha o coração na boca. E por contradição “da anatomia” de ambos, deu-se o fim.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A saia azul da “vovó de programa”

Ela podia ter características semelhantes a qualquer vózinha, mas ela não era uma idosa comum. Sua aparência certificava de que ela já havia passado há tempos dos sessenta, mas no lugar da agulha de tricô ela trazia nos dedos um cigarro amassado. De trago em trago a vovó se desmanchava junto à fumaça e cada tragada era na verdade um grande sussurro. A saia azul de todo dia, carregava o azul da esperança que há muito tempo ela havia deixado para trás. No lugar dos sonhos, trazia apenas resquícios do que sobrou da sua juventude. O batom vermelho nos lábios, o esmalte descascado e um olhar que ao invés de malícia transbordava cansaço. Não sei quantas noites aquela esquina recebeu a visita ilustre daquela insistente senhora, mas sei que estas mesmas noites roubaram sua doçura. O olhar distante e descrente eram suas marcas, e para alguém que oferecia “diversão” não sobrava nada além de olhos cansados e já sem vigor. Sua companhia pouco valia e era cada vez mais raro alguém se aproximar, mas para ela pouco importava, no fundo ela sabia que a cada noite a hora de partir era a única que se aproximava.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

E no balanço das horas tudo pode mudar...

Era mais tarde do que eu pensava e mais cedo do que eu gostaria. Há horas sem dormir, o tic tac do relógio tornou-se insuportável aos meus ouvidos. Era a terceira noite que eu não conseguia pregar os olhos e minhas pálpebras pesavam sem sucesso. Noite e dia eu planejava uma forma de me livrar daquela rotina que me provocava uma paralisia geral. Não nasci pra ficar parada e esse lance de obrigação fazia brotar em mim uma frustração sem tamanho. Minha vida transcorria avessa a tudo que eu havia planejado e minha mente não aceitava uma realidade tão teimosa comigo. A noite tudo tem um peso maior e a gente parece incapaz de atravessar a madrugada naquela situação. Tentava de forma inútil me convencer que aquele sentimento era momentâneo e com a luz do sol também acenderia uma “lâmpada” em minha mente e eu teria enfim uma grande idéia. Mas o relógio não colaborava comigo e o tempo passava com a mesma velocidade de um domingo ocioso. Pensava que queria um milagre ou pelo menos coragem, entretanto, me via cada vez mais medrosa e desacreditada. Até o mais otimista é capaz de sentir-se perdido em uma noite de insônia e eu estava convencida de que aqueles pensamentos não me levariam a lugar nenhum. Como não me levaram. Mas me trouxeram. E junto à claridade descobri que não posso decidir quando minha vida vai mudar, mas cabe a mim escolher a melhor forma de esperar.